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Joaquim Pinto

Joaquim PintoA Filmebase surgiu da experiência adquirida por Joaquim Pinto na captação e mistura de som de inúmeras produções de ficção, documentário e música durante mais de 25 anos. Terninada a Escola Superior de Cinema em 1979, seguiu-se a captação de som de filmes de Raul Ruiz, Alain Tanner, Manoel de Oliveira e João César Monteiro, entre outros.

A participação em cerca de 100 projectos de cinema e televisão, incluindo as actividades de captação, montagem e mistura de som contribuíram para uma visão abrangente dos problemas e necessidades específicas da captação de som directo.

Joaquim Pinto também produziu entre 1988 e 1996 cerca de 25 longas metragens e documentários, entre os quais "Recordações da Casa Amarela" e "A Comédia de Deus", de João César Monteiro, bem como projectos de José Álvaro de Morais, Teresa Villaverde, António Campos, Jeanne Waltz e Maria de Medeiros, tendo seguido atentamente a produção de som desses filmes.

Joaquim Pinto realizou também vários documentários e ficções, entre eles: Porca Miséria (2007), Rabo de Peixe (2003), Com Cuspo e com Jeito (1998), Moleque de Rua (1997), Surfavela (1996) - em co-realizados com Nuno Leonel, e; Para Cá dos Montes (1993), Das Tripas Coração (1992); Onde Bate o Sol (1989), Uma Pedra no Bolso (1988). Visite a página de Joaquim Pinto e Nuno Leonel em YouTube.

Três décadas em poucas linhas

O analógico

O final dos anos 70 foi um momento previlegiado para os técnicos portugueses. Vários filmes de realizadores de renome internacional foram rodados em Portugal com equipas mistas. O intercâmbio de ideias e métodos de trabalho acentuou-se. No entanto, os instrumentos técnicos e o parque de equipamentos disponíveis era limitado.

O debate sobre as opções técnicas e estéticas era permanente. Estávamos conscientes da importância dos avanços tecnológicos. Sem Kudelski (Nagra) e Beauviala (Eclair - Aaton), não teria havido "nouvelle vague" nem "cinéma verité". Era importante estabelecer contactos pessoais com esses homens que revolucionavam o modo de fazer cinema. A ideia de constituir uma empresa ligada ao som, que pudesse dar suporte às necessidades dos profissionais na escolha das melhores soluções técnicas para cada projecto, partiu de uma sugestão de Karl Schoeps em 1978. Nascido em 1906, era o último sobrevivente de uma geração que tinha inventado os conceitos sobre os quais se baseiam os modernos microfones de condensador.

Os equipamentos, métodos de trabalho, e o próprio perfil da indústria modificaram-se radicalmente desde então. No início da nossa actividade, toda a gravação, montagem e pós-produção ocorriam no domínio analógico. Apesar da limitação do número de pistas, a qualidade das gravações originais era muitas vezes excelente.

Os primeiros fabricantes distribuídos por nós, a partir de 1980, foram a Zonal, Rycote, Schoeps, Stellavox e VDB. Mantivémos contactos próximos com a Nagra e representámos também a Stellavox. Assistimos ao colapso financeiro da Stellavox causado por um projecto demasiado ambicioso e visionário para uma pequena empresa - o primeiro gravador DAT com características profissionais (posteriormente comercializado com sucesso pela Sonosax, que introduziu alterações de detalhe no conceito original).

A escolha de microfones não diferia muito da actual. Os Neumann e Schoeps eram excelentes microfones, e muitos continuam em utilização. Ambas as marcas evoluiram e aperfeicoaram os seus produtos numa linha coerente de continuidade. No entanto, os microfones de fita (p. ex. Beyer M160) eram ainda muito utilizados. A sonoridade precisa e aveludada conjugava-se particularmente bem com as limitações do som óptico mono.

Os HMI e o "Dolby Stereo" deram-lhes o golpe de misericórdia. O nível de saída reduzido tornava-os particularmente sensíveis a induções e a relação sinal/ruído melhorada com o Dolby levantava pela primeira vez o problema do "sopro". Resta dizer que os microfones de fita são particularmente sensíveis ao tipo de amplificador de microfone utilizado, e o resultado pode variar muito de acordo com a mesa de mistura ou pré-amplificador.

Há hoje alguns fabricantes especializados em microfones de fita, mas nenhum deles voltou a olhar com atenção para um modelo revisto de acordo com as exigências actuais e vocacionado para a captação de voz em cinema.

Os sistemas HF (emissor/receptor) estavam na infância e eram pouco utilizados. Os problemas de recepção eram comuns e os microfones subminiatura pouco fiáveis. Usámos as primeiras séries da Micron e Audio Ltd.

Cada passo na cadeia de pós-produção representava uma degradação das gravações originais. A qualidade da repicagem era vital. No entanto, não havia em Portugal possibilidade de repicagem em várias pistas. Introduzimos os primeiros gravadores de som em 16mm e 35mm com 2 e 3 pistas (Sondor e Stellavox), permitindo a captação confortável em bi-pista com os Nagra IV S e Stellavox SP9. A montagem de som em 35mm perfurado era um processo penoso. Por norma só era possível ouvir 3 bandas de som simultaneamente, e muitas mesas de montagem "gastavam" o magnético perfurado.

O digital

Na era pré-DAT (início dos anos 80), testámos o primeiro gravador digital "portátil", o Sony PCM-F1. O conversor tinha o tamanho de um grande dicionário e a gravação era feita em suporte vídeo (Betamax). Chegámos a concretizar diversos projectos de rodagens e estúdio com esses gravadores (p. ex. a quarta parte de "Le Soulier de Satin" e os originais de música com a orquestra Gulbenkian em "Os Canibais", ambos de Manoel de Oliveira).

Habituados a utilizar equipamentos de teste no alinhamento regular os gravadores analógicos para cada "batch" de fita, olhámos incrédulos para os excelentes valores de distorção e relação sinal/ruído do PCM-F1. Sabia-se pouco sobre as limitações dos formatos digitais, e no entanto o ouvido não enganava; os resultados obtidos com gravadores analógicos, gravando a 38 cm/s, eram subjectivamente superiores.

Chegaram os DAT e a montagem virtual, com a conveniência do formato e da facilidade de cópia dos originais sem degradação. Nunca nos sentimos à vontade com um formato pensado para o mercado de consumo e que se "profissionalizou" à falta de alternativas. A qualidade de som era quanto muito aceitável. Decidimos não vender ou representar qualquer DAT, apesar de termos várias unidades em locação por exigências do mercado.

Continuámos a gravar sempre que possível em formato analógico, mesmo quando a montagem era já não linear. O problema passou a ser a etapa seguinte; os conversores A/D utilizados nos AVID e Pro-Tools eram de qualidade média. Era vital encontrar conversores capazes de "traduzir" para o formato digital a riqueza dos originais analógicos. Dessa busca, que implicou testes com inúmeros conversores, surgiu a nossa relação com a Digital Audio Denmark, empresa nascida de um grupo de trabalho de jovens entusiastas próximo da DPA.

A travessia do deserto dos "anos DAT" correspondeu a mudanças de fundo na indústria. A Stellavox desapareceu. A Nagra lançou o Nagra D (gravação digital em fita, 4 pistas), uma máquina de excelente qualidade mas de grande consumo e dimensões, pouco prática para rodagens leves. Os japoneses entraram na corrida. A Fostex lançou o PD-4 e a HHB o Portadat, ambos máquinas decentes mas sem o brilho e a sonoridade da velha geração de máquinas analógicas.

Nos anos 90 a Zaxcom lançou o DEVA, o primeiro gravador portátil em disco com 4 pistas. O DEVA II, com opções adicionais e maior autonomia, impôs-se como a primeira alternativa credível para gravação portátil não linear. Utilizámos o DEVA original e o DEVA II. O conforto das 4 pistas e das múltiplas opções só possíveis pela gravação en disco representavam um enorme avanço sobre os DATs. A qualidade de som era pela primeira vez correcta. Para saber mais sobre o nosso primeiro filme gravado não linearmente, visite Notas de rodagem de "Loin".

Os últimos anos viram desaparecer os DAT (o PD-4 e o Portadat foram descontinuados) e nascer uma nova geração de gravadores portáteis não lineares. Da Nagra surgiu o decepcionante modelo V. A Zaxcom evoluiu para o DEVA IV e V, baseada na experiência e filosofia do DEVA original. A Fostex lançou o PD-6. A Sound Devices, a contra-corrente da tendência para máquinas cada vez mais caras, lançou um modelo compacto de 4 pistas + tc com grande qualidade, vocacionado para documentários, música e ficções ligeiras.

Quando parecia que a Europa tinha definitivamente perdido a dianteira, a Aaton, beneficiando da experiência acumulada nos sistemas de pós-produção de som (Indaw) introduzidos em 1997, decidiu lançar um gravador revolucionário em termos de autonomia, ergonomia e qualidade de som, o Cantar X.

Fornecemos recentemente equipamento para uma longa metragem, de acordo com as indicações da responsável pela captação de som. Da lista fazia parte um Cantar X e uma mesa de mistura Sonosax. De visita à rodagem, percebemos que por norma o Cantar era utilizado com os vários microfones ligados directamente, tal a qualidade dos pré-amplificadores e limitadores analógicos. A Sonosax estava há semanas arrumada na mala de transporte...

A escolha alargou-se progressivamente. Desde gravadores multipista muito completos (DEVA 5.8, 16, Fusion, Sound Devices 788T, Cantar X2) a máquinas multipista ultra compactas (Sound Devices 702 a 744T, Sonosax SX-SR4). Os fabricantes de "consumo" oferecem hoje também modelos com características mais limitadas (conversores e pré-amplificadores de menor qualidade, impossibilidade de gestão de meta-data, autonomia limitada, etc...). No entanto, conjugados com uma boa mesa de mistura, podem ser uma solução económica a considerar para projectos "no-budget".

Com a generalização dos gravadores autónomos multipista e da montagem e mistura não lineares, o sucesso de cada projecto já não depende unicamente da qualidade da captação original. A gestão da cadeia de produção tornou-se vital. Os equipamentos que representamos constituem uma escolha seleccionada em cada área. Todos eles foram por nós exaustivamente testados e a experiência acumulada com cada projecto facilita as opções para projectos futuros.

O projecto CINESONICS

A longa amizade com Chris Price, membro fundador da Ambient Recording (Munique), e a sua mudança definitiva para Portugal no final de 2007 permitiu finalmente dar corpo a um projecto antigo. Juntar esforços no sentido de alargar a actividade actual e partir para a área do desenvolvimento de novos equipamentos.