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Aplicações

Preparar a rodagem

A. Utilizar sempre que possível dois técnicos: operador de som e de perche.

Se tiver que trabalhar sozinho, tenha atenção em escolher o equipamento adequado que lhe permita mobilidade e fácil controlo da perche. Consulte-nos para detalhes.

B. A selecção do gravador.

1. - DAT

Gravação digital linear 16 bits 44.1 e 48 kHz, PCM. O DAT foi um formato pensado inicialmente para o mercado doméstico e adoptado pela indústria. Está gradualmente a ser substituído pelos gravadores não lineares. A maioria dos modelos foram descontinuados. 2 modelos com código de temo tornaram-se comuns na área profissional: o Fostex PD4 e o HHB Portadat. A Sonosax produziu o Stelladat, que permitia gravar 4 pistas ao dobro da velocidade. A Sony produz ainda um modelo para instrumentação baseado nesse princípio.

QUALIDADES

  • baixo nível de ruído de fundo
  • possibilidade de gravação sem paragens (p. ex. c/ cassetes de 1 hora)
  • possibilidade de cópia digital para montagem virtual sem degradação do sinal
  • marcação de tempo e de indexes
  • possibilidade de gravação de código de tempo SMPTE

INCONVENIENTES

  • duração limitada das baterias
  • possibilidade de drop-outs (só as máquinas profissionais, p. ex. PD4, dispõem de leitura de controlo pós-gravação)
  • amplificadores de microfone de baixa qualidade nos modelos mais baratos
  • possibilidade de dessincronismo em takes de mais de 4 minutos (modelos domésticos).
  • fragilidade e sensibilidade a humidade (modelos semi-profissionais).
  • necessidade de afinação periódica

2 - Gravador analógico

Durante muitos anos os Nagra e Stellavox foram os únicos gravadores utilizados para cinema e televisão. Levaram as potencialidades do analógico a níveis de qualidade excelentes, sobretudo a 38 cm/s. São ainda usadas em projectos difíceis (p. ex. expedições no Ártico, etc...) ou em situações onde as qualidades da gravação analógica sejam marcantes (gravação de efeitos e explosões, etc...). Alguns técnicos continuam a usá-los diariamente. As máquinas de referência são por exemplo o Nagra IV e IVs (e o Stellavox SP9).

QUALIDADES

  • baixo ruído de fundo, mas aumentando a cada geração
  • extremamente resistentes
  • entradas de microfone de boa qualidade
  • possibilidade de sincronização por cristal, à rede, ou por código SMPTE
  • longa duração das baterias

INCONVENIENTES

  • exigem ser rigorosamente alinhados para cada tipo de fita
  • duração de gravação limitada (15 minutos por bobine de 13cm)
  • geralmente mais pesados para trabalho ao ombro

3 - Gravador não linear

Gravação digital em formato não linear, 16 e 24 bits, 32 a 192 kHz conforme os modelos. A qualidade superior, a facilidade de utilização e de acesso a ficheiros e transferência dos mesmos, o número de pistas tem vindo a tornar estes gravadores cada vez mais populares.

QUALIDADES

  • Poupar tempo: pode transferir-se 2 horas de 4 ou mais pistas em alguns minutos, com sincronização instantênea do material
  • Multiplas pistas (até 10)
  • Metadata (texto que pode ser gravado com cada take)
  • Segurança (um único gravador pode produzir cópias de segurança)
  • Playback instantâneo de cada pista e take sem receio de apagar o material.

INCONVENIENTES:

  • conhecer bem o sistema de pós-produção para evitar quaisquer problemas de compatibilidade de ficheiros
  • um disco rígido pode também avariar. Fazer back-ups e cópias de segurança regulares

C - Equipamento indispensável.

  • auscultadores de monição de boa qualidade
  • fichas e adaptadores diversos (XLR m /XLR f, jack para minijack, etc...)
  • cabo de extensão de auscultadores
  • cabos de microfone testados
  • Baterias e pilhas suplementares para todos os equipamentos (se possível, sistema de alimentação central)
  • Folhas de som, câmara tape e marcadores
  • Blimp ou cobertura para câmara
  • Espuma preta
  • Painéis ou tecido acústico, ou restos de carpetes
  • Perche(s) de boa qualidade
  • Bases e acessórios de fixação de microfones
  • mesa de mistura autónoma no caso de necessitar utilizar mais de 2 microfones
  • microfones...

D - Selecção dos microfones

A) Condensadores "shotgun" longos (hipercardióides):

+ Elevada direccionalidade e sensibilidade. Utilização a maior distância dos actores, permitindo enquadramentos mais abertos em exteriores - Peso e dimensões elevados. A grande direcionalidade, sobretudo nas frequências altas, exige um cuidado extremo na orientação da perche. Importante: Nunca utilizar como "pistola", apontando directamente para os actores. Estes microfones aproximam os ruídos ambientes que se encontrarem na sua "linha de mira". A captação por cima na perche coloca na "linha de mira" o chão, eliminando esse problema. Não utilizar em interiores ou exteriores com paredes reflectoras: estes microfones baseiam-se num sistema de tubo de interferência. Em ambientes reverberantes originam perdas de definição graves e colorações indesejáveis nas vozes.

B) Condensadores "shotgun" curtos (hipercardióides):

Utilizando o mesmo princípio (tubo de interferência), mas menos direccionais. + Maior facilidade de utilização em perche - orientação menos crítica. Menor peso. - Área de alcance mais reduzida. Menor atenuação dos ruídos laterais. Importante: As limitações indicadas em A mantém-se: Nunca utilizar como "pistola" e nunca utilizar em interiores reverberantes.

C) Condensadores sem tubo de interferência:

+ Peso e dimensões reduzidos. Curva direccional independente da frequência. Maior facilidade de utilização em perche. Som límpido e natural. - Menor direccionalidade. Importante: Recomendados para gravação de diálogos em interiores. Em exteriores calmos permitem captar diálogos com extraordinária clareza.

D) Microfones dinâmicos (supercardióides e cardióides):

+ Não necessitam de alimentação. Menor sensibilidade a ruídos de manuseamento. Aceitam grandes pressões sonoras sem distorção. - Baixa sensibilidade e alcance. Resposta mais pobre nos transitórios. Importante: Não são de todo aconselháveis para utilização em perche, mas uito úteis para gravação de explosões e impactos. Alguns modelos são virtualmente "insaturáveis" e tendem a comprimir este tipo de sons de forma adequada aos sistemas de gravação, sobretudo digitais. Bons para gravação de vozes de comentário em exteriores, eliminando o ruído ambiente.

Tipos de construção:

  • microfones de fita
  • microfones dinâmicos
  • microfones de condensador
  • microfones de condensador electret

Padrões de direccionalidade:

  • Omnidireccionais
  • Cardióides
  • Supercardióides
  • Hipercardióides de tubo de interferência (shotguns)
  • Bidireccionais

Microfones especializados:

  • boundary layer (PZM)
  • microfones de lapela
  • microfones de emissor
  • microfones estereofónicos
  • microfones de cancelamento de ruído

E - Consistência sonora

  • manter os mesmos critérios de captação ao longo do projecto
  • assegurar folhas de som ou metadata com indicações claras e precisas
  • não trocar de tipo de microfone na captação da mesma cena
  • utilizar judiciosamente a igualização

F - Medidas de segurança

  • sempre que possível ter equipamento de back-up e cabos e acessórios em quantidade suficiente
  • prender e proteger com tape todos os cabos que possam estar no espaço da acção
  • cuidado com as portas e obstáculos
  • não cruzar fontes de alimentação com cabos de som

G - Preparação do plateau

  • maximizar a relação entre o sinal e o ambiente e ruído
  • eliminar todos ruídos parasitas

H - Verificação dos níveis

  • pedir silêncio aos elementos da equipa durante os ensaios
  • certificar-se dos níveis sonoros o mais cedo possível
  • certificar-se que os actores falam durante os ensaios com o volume sonoro que irão utilizar nas takes.

I - Checklist na rodagem

  • microfones direccionais: ângulo do microfone em relação ao ambiente fora do eixo
  • proximidade do microfone à fonte
  • afastamento do microfone dos ruídos ambientes
  • ângulo do microfone em relação a superfícies paralelas
  • se possível, tratar cada uma das superfícies paralelas com material absorvente
  • cortar as reflexões provocadas por superfícies paralelas com paneis irregulares
  • utilizar protecções de vento adequadas
  • utilizar suspensões eficazes nos microfones
  • fazer um loop com o cabo de microfone para isolar a transmissão de ruídos parasitas
  • não mover os dedos ao pegar no microfone ou perche
  • fechar todas as janelas e portas que puder
  • desligar aquecedores, frigoríficos, ar condicionado
  • tentar colocar carpetes no chão
  • pedir à equipa para usarem sapatos com solas silenciosas ou andarem descalços
  • verificar que os acessórios de cena não são ruidosos
  • ter à mão um blimp ou tecido de isolamento do ruído da câmara
  • não usar sistemas de ganho automático (amplificam os ruídos nas pausas e não antecipam mudanças de níveis abruptas). A modulação de nível manual dá melhores resultados.
  • fazer ambientes raccord para cada locar de filmagem.
  • não abusar dos roll-offs e filtros.

J - Como melhorar a relação sinal / ruído

  • microfones, gravador (e fita) de alta qualidade
  • ajustar o bias correctamente para cada tipo de fita (em gravação analógica)
  • certificar-se da compatibilidade de impedâncias entre microfones e entradas
  • gravar as pontas de 0 dB a + 4 dB (-8 Db nos DATs e - 16 dB a 24 bits)
  • usar um bom limitador na voz (essencial nos DAT)
  • utilizar a compressão selectivamente
  • gravar a 38 cm/s, quando em analógico, e se possível a 24 bits (cuidado com a duração de gravação)
  • limpar cuidadosamente as cabeças de gravação (DATs e gravadores analógicos)
  • usar cabos de linha balanceados
  • certificar-se que o gravador está ligado à massa, ou trabalhar sempre com baterias
  • utilizar cabos tão curtos quanto possível para cada cena
  • atenção aos cruzamentos de cabos
  • atenção aos loops de massa, resultantes de ligação dupla à massa
  • se tiver clicks no som, pode tratar-se de um curto circuito ou mau contacto ou de electricidade estática. No primeiro caso, substitua os cabos. No segundo, tente afastar os cabos de carpetes (sobretudo de materiais sintéticos).
  • se ouvir induções ou ruídos de rádio, mude a posição dos cabos de micro, utilize cabos mais curtos ou tente envolver o cabo em folha de alumínio. Note que há induções captadas pelos auscultadores e que não são gravadas. Teste.
  • alinhar cuidadosamente o azimute e zénite das cabeças e a tensão da fita (nas máquinas analógicas)
  • se necessário, utilizar um sistema de redução de ruído (Dolby...) com máquinas analógicas.

K - Gravação

  • seguir as ordens de arranque da take e exigir a sua confirmação: som, câmara, clap, acção.
  • gravar e identificar cada bobine com as seguintes indicações: nome do filme, número de bobine ou cassete, nível de gravação de sinal de referência, formato de gravação e sistema de sincronização
  • gravar 30 segundos de nível de referência no início de cada bobine ou cassete
  • um pouco de silencio no início e final de cada take pode ser útil na montagem
  • não gravar música ou ruídos contínuos cortados pela take: um pesadelo na montagem.
  • não gravar diálogos sobrepostos, especialmente em campos / contra-campos

L - Razões legítimas para cortar uma take

ESTABELECER UM CÓDIGO DE COMUNICAÇÃO POR GESTOS COM O OPERADOR DE CÂMARA, PERCHMAN E O REALIZADOR

  1. ruído de câmara excessivo (no início da take)
  2. suspeita de perda de sincronismo
  3. queda completa do nível das baterias

M - No caso de falhar a captação de uma linha de diálogo

GRAVAR SONS SÓS (CONSISTINDO EM FAZER REPETIR AOS ACTORES ESSAS LINHAS DE DIÁLOGO IMEDIATAMENTE APÓS A TAKE).

  • não permita a leitura pelo guião - riscos de ouvir o virar das páginas e de interpretação "lida"
  • tente seguir acção exactamente como na take de imagem
  • utilize os mesmos microfones e técnica de captação
  • identifique os sons sós na fita, nas folhas de som e na metadata
  • grave todo o som síncrono, mesmo que seja de referência. Será fundamental nas dobragens e na reconstituição posterior dos ambientes sonoros originais

N - Ambientes raccord e atmosferas (room tones)

  • grave sempre as atmosferas de cada quarto ou ambiente onde decorrer a acção. Será fundamental para a montagem sonora.
  • utilize níveis de gravação próximos dos usados na gravação da acção.
  • não confunda sons de atmosfera com ambientes e efeitos sonoros. Os primeiros deverão ser gravados a seguir à acção, com os mesmos microfones, e são dificilmente reconstituíveis mais tarde.

LIMPE E ACONDICIONE CUIDADOSAMENTE O MATERIAL APÓS UTILIZAÇÃO. ENROLE BEM OS CABOS. MANTENHA AS CABEÇAS DE GRAVAÇÃO LIMPAS CASO GRAVE ANALOGICAMENTE OU EM DAT.